Sinceridade. Pode até doer no coração dos pais, mas esta é a palavra de ordem para lidar com o estrabismo, tenha a criança que nasceu com essa característica atingido idade suficiente para entender o caso, ou quando o problema aparece com ela já “grandinha”.
Se o tratamento por um lado pode ser demorado – sofrido, muitas vezes (e essa informação não deve ser negada à criança), tampouco pode ser escondido que será passageiro e que há solução e benefícios.
Mas não adianta só ficar no discurso: buscar por diagnóstico e tratamento o quanto antes é obrigação primordial dos pais.
Quem defende a abordagem é Andrea Pulchinelli Ferrari, ortoptista, tecnóloga oftálmica pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e presidente do Conselho Brasileiro de Ortóptica (CBOrt – especialidade essa que atua em conjunto com o o médico oftalmologista).
“A pessoa com estrabismo evita o contato social por meio dos olhos, logo o principal órgão de relacionamento com o mundo”, explica Andrea, que alerta também para o impacto social e psicológico tão comum aos pacientes, “desde as brincadeiras no processo de sociabilização da criança, em seus anos iniciais, até as primeiras entrevistas de trabalho”.
Diagnóstico e tratamento
A incidência para casos de estrabismo na família torna ainda mais pertinente a avaliação oftalmológica global - parte da rotina de exames realizados imediatamente após o nascimento, mas principalmente o específico para a afecção, por volta dos quatro meses de vida, segundo Andrea.
“Os cinco primeiros anos são críticos no desenvolvimento da visão, que está completa só aos nove”, diz a especialista. O diagnóstico, se positivo para estrabismo, inclui, em grande parte dos casos, adesão ao tratamento com terapia oclusiva, com o uso de “tampão”, como é popularmente conhecido, complementa a Dra. Andrea.
Aproveitar a fase dos “por quês” que vem com o crescimento da criança é a dica para explicar a razão dos óculos, do tampão, enfim, do tratamento como um todo. “Assim, constrói-se um adulto com personalidade livre, longe dos estigmas causados por essa característica”.