quinta-feira, 30 de setembro de 2010

ESPECIAL BULLYING - Crianças estrábicas também são alvo fácil


O olho é o principal órgão de relacionamento humano e quando apresenta defeito físico – como é o caso do estrabismo, pode por si só gerar problemas emocionais graves ao indivíduo se não tratado corretamente. Não bastasse, a criança pode sofrer ainda com as terríveis sequelas do bullying, espécie de intimidação psicológica com registro de violência em situações extremas).

O oftalmologista Carlos Ramos de Souza Dias, professor titular da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (FCMSC-SP) explica que “a questão psico-estética, além da parte sensorial, é de fundamental importância na correção do estrabismo”. O especialista fala com a propriedade de quem já presidiu o Centro Brasileiro de Estrabismo (CBE) e entidades congêneres latino-americana e internacionais.

O assunto ganha força com o resultado de uma pesquisa recente que causou repercussão na imprensa brasileira. Realizada com 48 crianças de seis a oito anos de idade atendidas por uma clínica oftalmológica na Suíça, revelou que 18 delas não convidariam um colega estrábico para uma festa.


Diagnóstico precoce: importância

“O aparecimento do estrabismo na criança é uma situação de emergência”, alerta o Dr. Souza Dias, que recomenda início imediato do tratamento. Mesmo que nenhum problema ocular se manifeste, os pais devem levar a criança com até um ano para realizar exame estrabismológico completo, que inclui, quando necessário:

Estereoscopia
Avaliação da capacidade de perceber profundidade e distância (visão em três dimensões);

Refratometria
Medição de defeitos refrativos nos olhos (indicam o grau que deve ser usado nos óculos);

Fundoscopia
Diagnóstico interno de possível lesão na retina e que causaria baixa visão (para não confundir com a chamada ambliopia estrábica - falta de estimulo às celulas cerebrais responsáveis pelo olho comprometido);

Tonometria
Quando é medida a pressão intraocular para identificar o glaucoma;

Campimetria
Estudo das condições visuais da retina periférica, onde o glaucoma inicia a destruição do campo visual;

Acuidade visual
Capacidade de enxergar pequenos objetos.


A importância do diagnóstico precoce está na capacidade de evitar ou até mesmo curar as alterações sensoriais que, caso ignoradas, provocam desde a falta de coordenação na retina (correspondência retínica anômala) – sintoma clássico do estrabismo, até a perda da visão no olho desviado. “O estrabismo ainda pode ser a primeira evidência de um problema neurológico grave”, explica o oftalmologista.


Tratamento

Como há muitos tipos de estrabismo, a indicação terapêutica para cada um deles é diferente, desde a simples prescrição de óculos até cirurgia, passando pela oclusão do olho deficitário.

O último procedimento citado é feito com o suporte do tampão, como é mais popularmente conhecido. A AMP Soluções Terapêuticas é a empresa que fabrica o oclusor oftálmico que é líder de mercado no Brasil, o Oftam, presente em dois tamanhos (pequeno e grande) e que conta ainda com opções coloridas e estampadas para o público infantil.

“O acompanhamento dos pais às indicações médicas é fundamental para o processo do tratamento”, finaliza o Dr. Souza-Dias.


‘Sou estrábico sim, e daí?’

Se não der certo a tática de ignorar simplesmente a provocação dos “colegas” de classe, ao ser firme, evitar o choro e abatimento - o contrário do “jogo” de quem humilha por afirmação própria no grupo ao diminuir quem considera “feio” ou “diferente”, a Dra. Ângela Uchôa Branco sugere outro caminho: “Dizer, “sou estrábico sim, e daí? O problema é meu e estou tratando. Por que você não cuida do seu problema e deixa os outros em paz?”.

Professora do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (IP-UNB), Ângela diz que o problema do bullying nas escolas é amplo e envolve qualquer criança. A especialista ainda coordena linhas de pesquisa voltadas para a promoção da paz nas escolas.

Ela também destaca o papel dos pais e professores, que devem atuar de forma colaborativa na atenção à criança vítima desse assédio. “A tolerância com essas manifestações deve ser zero”, decreta a psicóloga, para quem o papel do mestre é o de treinar a paciência do aluno a ignorar provocações.

Se em sala de aula o foco é na promoção de empatia e colaboração entre os alunos, no ambiente familiar deve ser estabelecido um canal de diálogo entre pais e filhos para fortalecimento da auto-estima e de conceitos como moral e aceitação da diferença.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Mais um bom exemplo da imprensa

(clique na imagem para aumentar!)

Antes que o especial sobre bullyng entre no ar, conforme prometido no post anterior, vamos aproveitar que o assunto ainda é a abordagem da imprensa sobre o estrabismo para comemorar mais um bom exemplo, dessa vez do jornal Agora, de São Paulo, provando que é possível ser "popular" sem precisar distribuir ofensas a ninguem.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Uma ‘pisada de bola’ e um ‘golaço’ da imprensa

Um jornal popular de São Paulo perdeu a compostura quando se referiu a pessoas estrábicas como “vesgos”, “zarolhos”, “zarolhinhos” e “olhos tortos” em uma matéria que trouxe o revelador resultado de uma pesquisa com crianças atendidas por uma clínica oftalmológica na Suíça. Parte considerável delas admitiu que não convidaria um “colega” com estrabismo para a própria festa de aniversário (clique aqui e saiba mais sobre o estudo no site da Folha de S. Paulo).

A repórter do jornal citado não respondeu quando foi procurada pelo Blog do Oftam, para justificar o tom de deboche com que tratou algo tão sensível como é a intimidação contra quem sofre de estrabismo. Como foi somente um dentre os vários exemplos positivos de como a imprensa brasileira repercutiu a notícia, este deve ser tratado como caso isolado.

Bom exemplo
O jornal Correio Braziliense usou a mesma pesquisa como ponto de partida para uma reportagem sobre o estigma que atinge também os adultos que tem estrabismo decorrente de algum trauma físico, com direito a infográfico para melhor ilustrar a situação (veja!).

Esse assédio moral sofrido por quem tem estrabismo – especificamente o bullying, quando aplicado à crianças, é o assunto que o Blog do Oftam está preparando para os próximos dias, com a palavra de vários especialistas. Fique ligado!
Yoomp